A nova tendência das
velhas gerações é estereotipar e rotular as novas gerações. Dizem que a
juventude está perdida e que não há esperanças para um bom futuro. Mas de quem
é a culpa, afinal?
De fato, uma boa parte dos jovens poderia ser considerada
“sem rumo” por uma parte da sociedade. Sob os olhos tradicionais, a minoria
estaria no famoso “caminho certo”. Mas que caminho certo é este? Esses
discursos são tão subjetivos e ao mesmo tempo, muito patéticos. Estudar é
fundamental, e disso ninguém duvida, mas ninguém é obrigado a cursar o ensino
superior, por exemplo, para estar no “caminho certo”. Há uma diversidade muito
grande de ocupações dentro da sociedade que não necessitam realmente de alguma
graduação. E nem mesmo uma graduação é certeza de ganhar dinheiro, e
ultimamente, nem mesmo com muitas pós-graduações. Logo, o caminho certo que
dizem não é o conhecimento, como seria o ideal, e sim ter dinheiro, uma
situação financeira, no mínimo, tranquila. Porém, não é necessário um ensino superior
para isso, por exemplo. Esta é a primeira contradição desses discursos
hipócritas.
As pessoas mais velhas tem a mania de querer estereotipar
as pessoas mais jovens. Os discursos tradicionais estão muito presentes na
nossa rotina e condenam muitas coisas apenas pela aparência. Uma grande
quantidade de pessoas mais velhas discriminam aquelas pessoas que tem tatuagem,
que são músicos ou mesmo que simplesmente resolveram trabalhar ao invés de
tentar um vestibular. Dizem que a juventude está perdida, que não há esperanças
para um bom futuro se depositarmos esta responsabilidade nos jovens da atualidade.
Mas
esperem um pouco, qual é o cenário que temos atualmente? Uma sociedade
completamente desigual, que precariza as classes mais pobres e que é
extremamente hipócrita, não é mesmo? E o jovem está incluso neste contexto,
certo? Bom, então vamos lá... o panorama social de hoje em dia, que não é nem
de longe o ideal, não foi construído pelos jovens atuais mas sim pelos jovens
do passado. Pois é, e quem são os jovens do passado? Exatamente a mesma geração
que deposita a culpa de um futuro obscuro nos jovens de hoje em dia! É muito
mais fácil colocar a culpa nos outros do que assumir sua responsabilidade nos
erros. É claro que muitos não tiverem culpa direta, mas muitas vezes, a omissão
é a pior atitude (ou falta de atitude) que pode ser tomada.
Não
estou dizendo com isso que os jovens são vítimas e não tem culpa dos seus atos.
Não, não é isso. Todo mundo faz escolhas, e a maioria das pessoas tem a noção
de quais consequências isso irá trazer. Eu não acredito em desculpas pífias. É fato
que muitas pessoas optam por continuar reproduzindo papéis sociais vigentes
controlados pela minoria que rege a nossa vida. Sim, optam mesmo, até sem perceber
verdadeiramente. É muito mais fácil se alimentar de populismo do que querer ter
uma reação diferente frente aos problemas e abusos, como por exemplo, do
governo. Isto não é uma cobrança para abraçar o mundo e simplesmente lutar por
tudo ao mesmo tempo, mas pelo menos se focar em algo para mudar o panorama
atual. Mas é mais cômodo se entorpecer com o que os que nos controlam nos
oferecem.
De
fato, há na juventude diversos erros. Porém, também houve no passado, com
outros jovens que hoje criticam o modo de vida dos atuais, esquecendo-se do que
fizeram, ou pior, do que não fizeram no passado. E sempre voltam com o discurso
de “eu quero te dar tudo o que não tive”. O que não teve ou o que não se
dedicou para ter? Há, também, uma boa parte dos jovens que estudam e batalham
todos os dias para terem melhores condições de vida, seguem uma linha honesta e
crítica e que também são estereotipados e rotulados como se não tivessem
nenhuma importância. Não vejo justiça nisso.
Então,
antes de criticar é sempre bom pensar nos seus próprios atos. E isso serve
tanto para as gerações anteriores quanto para as atuais. E estereótipos e
rótulos não são boas maneiras de estimular as novas gerações a mudarem alguma
coisa. E lembre-se sempre, o futuro é construído por todos, aqueles que
começaram a vida agora e por aqueles que deixaram como herança o atual cenário
de precarização do ser humano na sociedade brasileira. Será que culpabilizar os
outros vai continuar sendo a maior lição que a maioria das pessoas de outras
gerações vão nos deixar? Espero que não.
Este texto foi escrito por um jovem
que busca um futuro melhor e que nenhum rótulo pode defini-lo.
Renan
de França Souza
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