E um dia ele sonhou. E
acordou sem saber o que era real. Desejava estar adormecido para viver, sentir
e apreciar aquele momento. Um sonho realizado, um futuro distante e a esperança
de que um dia pudesse ser verdade.
Era uma vida diferente, possivelmente num tempo muito além
do presente. Não conseguiu descobrir o que fazia, aonde vivia e nem informações
sobre a família e amigos. Mas nada importava, havia uma coisa que dava força
para a sua existência. Ele havia encontrado o amor de sua vida. E neste amor,
ele poderia se afogar de paixão e incendiar qualquer coisa com uma paixão
ardente.
Mas este sonho não correspondia, nem de longe, ao momento
ele que ele vivia. Tudo bem, o sonho parecia algo realmente no futuro, mas como
a vida poderia caminhar para algo tão diferente se naquele momento diversas
variáveis pareciam levar para coisas que não eram aquele sonho?
As respostas para diversas perguntas eram difíceis de
achar. Mas e o que importa? Poderia não passar de um delírio mesmo. Mas então
ele se viu com o ela, o seu amor... não conseguia desvendar o seu rosto, mas
sabia que seu toque angelical e o calor do seu corpo era de quem ele amava. E
pôde ver aqueles olhos, castanhos e profundos, mas ainda sim simples e
sinceros. Simplicidade em meio a uma absurda complexidade.
E como num ato de mágica, se viu num jardim, numa cidade
pequena, talvez numa praça em que brincava com uma menina num balanço. Pequena,
olhos verdes, muitas pintinhas e um sotaque diferente do seu. Ela caiu e se
machucou e naquele mesmo momento ele a levantou fazendo carinho em seu cabelo e
dizendo: “Não importa quantas vezes caia, filha, levantar-se e tentar novamente
é sempre a melhor solução”. Então o amor da sua vida chegou, o beijou e ele
pôde ver novamente seus doces olhos cheios de amor, e como no conto de fadas
mais bonito, ele abraçou sua família e disse: “Eu te amo”.
“Eu te amo” foi o que fez seu coração disparar, pois esta
era a verdade. Ele a amava, e amava também esta criança. Foi neste momento que
ele acordou, com o coração disparado, lágrimas nos olhos, querendo viver
intensamente aquela história que ainda não havia acontecido.
Mas
não havia como, só restava esperar. E por todos os dias em diante, aqueles toques
angelicais que ele ainda podia até sentir o calor do corpo da mulher amada,
embalaram seus sonhos. E ele espera que este dia chegue logo, pois esperar
muito para um sonho acontecer nunca é o ideal. Maravilhoso é viver um sonho, sem
medo de ser feliz.
Este texto foi escrito numa manhã
fria e chuvosa do inverno de 2011.
Renan
de França Souza
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